Audiência converge para necessidade de traçar estratégias para ampliar oportunidades para jovens

por Diretoria de Comunicação última modificação 20/10/2021 14h57

Traçar estratégias para ampliação das oportunidades e cumprimento da lei da aprendizagem em Foz. Esse foi o foco da audiência pública realizada nesta quarta-feira, 20 de outubro, na Câmara de Foz, a respeito da aplicabilidade da lei da aprendizagem em Foz do Iguaçu. O evento foi aberto pelo presidente da Câmara, vereador Ney Patrício (PSD) e conduzido pelo proponente, vereador Alex Meyer (PP).

Logo no início, Ney Patrício destacou o posicionamento do Poder Legislativo sobre o assunto. “Há a preocupação dessa Casa com a inserção dos jovens no mercado de trabalho. A capacitação é fundamental, porque é um mercado cada vez mais exigente. Em dezembro faremos aqui a assinatura de um convênio com a Guarda Mirim, para alguns aprendizes iniciar o trabalho em janeiro”.

“Queremos fomentar estratégias para ampliar possibilidades profissionais aos jovens da nossa cidade. Não é uma tarefa fácil. A cota obrigatória dos aprendizes nas grandes empresas é de 5 a 15% dos colaboradores. O jovem como aprendiz precisa estar estudando e fazendo curso de aprendizagem na instituição parceira. Para isso, é necessário que o jovem receba oportunidade”, ressaltou Alex Meyer.

Alguns pontos também foram abordados como assuntos para serem monitorados a respeito de temas que envolvem a questão dos jovens, da aprendizagem: colégios transformados em cívico-militares e a dificuldade do ensino noturno para os jovens. “Outro encaminhamento que queremos dar é sobre os desmontes que a aprendizagem vem sofrendo. Sempre vou defender a aprendizagem com unhas e dentes, porque acredito muito nessa lei. Com relação à reforma do ensino médio, precisamos acompanhar isso, porque ela iria ‘matar’ a lei da aprendizagem. Isso precisa ser revisto”, alertou Meyer.

Participaram também do debate, os vereadores: Adnan El Sayed (PSD), Yasmin Hachem (MDB) e Cabo Cassol (Podemos); além do vice-prefeito, delegado Francisco Sampaio; representante da Guarda Mirim; do Curso de Hotelaria da Unioeste; do Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente e demais instituições.

Mábile Cazela, vice-presidente do Conselho Municipal de Assistência Social, disse que “o conselho tem papel de deliberar e fiscalizar os serviços que são matéria da assistência social. Temos quatro organizações inscritas no conselho que desenvolvem aprendizagem e integram ao mundo do trabalho. O Conselho então fiscaliza e faz frente de defesa. O desafio vai ao encontro de ampliar todas as frentes”.

André dos Santos, representando a Secretaria Municipal de Assistência Social pontuou: “Adolescentes que nós atendemos, pessoas que estão em situação de vulnerabilidade: vítimas de exploração, trabalho infantil. Devemos cobrar para que realmente se cumpra o pacto federativo para que seja possível o cofinanciamento”.
“Principalmente agora, com retorno das aulas presenciais, sabemos da importância de valorizarmos o trabalho com os jovens para que depois eles consigam seguir a jornada”, comentou Maria Justina, secretária municipal de Educação. O vice-prefeito, delegado Francisco Sampaio, destacou “a falta de oportunidades no mercado de trabalho”.

A vereadora Yasmin Hachem (MDB) frisou: “Nossa maior dificuldade para entrar no mercado de trabalho é a falta de experiência prévia”. Érika Medina Stancioli, representante da Coordenação Nacional de Aprendizagem Profissional no Ministério do Trabalho e Previdência, falou sobre as cotas previstas em lei, quais as entidades formadoras, Sistema S: “A aprendizagem é uma oportunidade para empresa também”.

Demanda por vagas de aprendizes supera em muito a oferta

Dra. Jéssica, psicóloga, Grupo de Trabalho de Aprendizagem, salientou: “Conseguimos alcançar jovens que nunca tiveram oportunidade de fazer um curso de inglês. Temos 418 contratados na Guarda Mirim. A demanda é muito maior do que a quantidade de vagas. Então precisamos ampliar as contratações. Temos na fila aproximadamente três mil jovens”.

Renann Ferreira, representante do CMDCA, disse: “a cota de 5% equivale a 1200 vagas. Nós nunca vamos cumprir totalmente a demanda. Só ano de 2019 recebemos 470 prioridades em um ano que passaram na frente dos outros que estão na fila. A maior importância no dia de hoje são os encaminhamentos, o primeiro é a conscientização das empresas; o segundo é a contratação pelos poderes; temos um excelente mecanismo que é a nova lei de licitações, que obriga as empresas a apresentarem certidão de cumprimento de cota PCD e aprendiz, então esse é o novo passado para conseguirmos mais cotas; outro ponto é o incentivo a micro empresas e empresas de pequeno porte; outro ponto é o certificado de empresa amiga da aprendizagem. Temos neste ano empresas anunciando cursos para garantir supostamente vagas de emprego e depois que o jovem paga e faz o curso, não tem a vaga. A Polícia Civil já está trabalhando nisso. A Campanha ‘não seja enganado’ é um alerta nesse sentido”, acentuou Renann Ferreira, do CMDCA. 

Aprendizagem como combate ao trabalho infantil

Fabrício Oliveira, Procurador do Trabalho da Procuradoria Regional do Trabalho da 9ª Regional do município de Foz do Iguaçu, enfatizou: “A aprendizagem é uma forma de combate ao trabalho infantil, porque permite a inclusão do jovem no mercado de maneira adequada. E vai muito além da questão da experiência, mas tem a questão social, o impacto na vida do indivíduo. Temos de olhar por todas as vertentes e quão benéfica é a questão da aprendizagem, combate ao trabalho infantil. É um excelente instrumento previsto em lei”.

Aumento da consciência da iniciativa privada

“Precisamos aumentar a consciência da iniciativa privada, do Poder Público. Aumentando a consciência, a lei se torna secundária porque pode-se empregar muito além dos 5% exigidos em lei. Deveria existir uma linha de crédito para empreendedores, jovens que estão saindo na universidade. Aí poderia existir uma linha de crédito a juros zero para que ele possa começar seu empreendimento. Devemos também investigar quantas vagas não estão sendo preenchidas por falta de profissional especializado”, sublinhou o vereador Adnan El Sayed.


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