Câmara concede Título de Cidadã Honorária de Foz à Irmã Filomena

por Diretoria de Comunicação última modificação 15/12/2020 13h08

O Legislativo de Foz do Iguaçu entregou em sessão solene privativa, nesta segunda-feira, 14 de dezembro, o Título de Cidadã Honorária de Foz do Iguaçu à irmã Filomena Rubano, em reconhecimento aos serviços prestados ao município, em seu trabalho na AFA, com comunidades mais necessitadas.

O vereador João Miranda (PSD), proponente do Título, destacou que "é com grande satisfação que fazemos essa homenagem para irmã Filomena. No próximo ano vai fazer 30 anos desse projeto localizado na região do Porto Meira. Por toda sua trajetória de vida e trabalho em prol do próximo. O mérito não vem por acaso. Desde o início dos trabalhos prestados para aquela comunidade eu acompanhei. São projetos que dão confiança".


De acordo com João Miranda, "além de ajudar as famílias, Filomena, conhecendo a realidade local, pensava em como poderia auxiliar essas famílias. Foi aí que iniciou a Pastoral da Criança, quando conheceu a realidade não só do Porto Meira, mas de toda Foz do Iguaçu. O espírito de luta, o gosto pelo desafio e a vontade de fazer sempre o melhor para as pessoas. Novos desafios a cada dia, a cada projeto que a AFA executa. Tem que ter amor ao próximo, senão não vai pra frente".

Também participaram da homenagem: Luciana Ballalai – Juíza da Vara de Infância e Juventude de Foz e Idalina Barbosa - presidente da AFA - Associação Fraternidade Aliança. Durante a cerimônia, foi exibido um vídeo com a biografia da homenageada. Suzane Amorin, Gestora de Projetos da AFA se manifestou na tribuna sobre a honraria: “Nós sabemos que você Filomena não faz nada para receber aplausos. Vivemos intensamente com você, o aprendizado, tudo que você nos transmite. Filomena, parabéns, você merece muito mais do que isso”.

A Juíza da Vara da Infância e Juventude destacou, Luciana Ballalai, disse. “Ela é merecidamente cidadã de Foz. Ela faz por amor. A ela foi concedido dom da doação por amor, afeto pelas pessoas que necessitam. É uma homenagem muito merecida, uma pessoa que merece todo nosso respeito e admiração. Como Juíza da Vara da infância e Juventude, que acompanho há oito anos, me coloco como uma pessoa honrada em participar desse momento, porque é mais do que merecido".

Emocionada, Irmã Filomena externou todo seu agradecimento na tribuna da Casa. “Me sinto acolhida por essa cidade e graças ao meu trabalho em favor dos excluídos. Agradeço especialmente ao Padre Arturo que foi o idealizador dessa instituição, que há quase 30 anos se uniu a mulheres simples da comunidade para acolher os pobres. Com ele, aprendi a amar o povo sofrido, resisti ás dificuldades Por isso me pediu, ainda em vida, que eu continuasse seu legado de amor a esse povo. Para que eu continuasse também com grandioso trabalho que Padre Arturo começou. Realizamos tantos projetos em favor do povo sofrido do Porto Meira. Agradeço aos Vereadores, ao Poder Público por apoiar os projetos da AFA, pois sem apoio financeiro seria muito difícil manter projeto tão complexo que executamos. Obrigada por confiar em nosso trabalho. Este título me torna pertencente a gente dessa cidade, a uma comunidade grata pelo meu trabalho. Essa gente que me acolheu e me deu a honra de ser um alento na vida deles. A minha maior felicidade é sentir que meu amor pelo excluído me coloca mais próxima a Deus”, ressaltou Irmã Filomena.

História de vida

Irmã Filomena Rubano nasceu em Pulsano Taranto, Itália, aos 11 dias do mês de junho de 1967. Filha de Pietro Rubano e Mafalda Nicolardi; é a quinta filha de um total de sete irmãos. Em 1984, com 17 anos, deixou sua família e os amigos e, seguindo o chamado de Cristo, ingressou na Congregação das Irmãs Estigmatinas Franciscanas na cidade de Bari - Itália, onde fez a sua primeira experiência na vida religiosa e iniciou o curso técnico em contabilidade.

Em 1990 tornou-se noviça na cidade de Prato - Itália. No ano de 1991 foi transferida para Villaricca, na província de Nápoles, onde iniciou a faculdade de teologia. Em Villaricca teve uma forte experiência pastoral numa periferia, e como neste lugar não havia igreja, reuniam-se num barracão. Ali chegavam muitos migrantes de vários lugares da Itália e imigrantes do Senegal, em busca de trabalho e prosperidade. Aumentavam os problemas com drogas, prostituição e crianças em situação de abandono. Com o Padre Rafael Galdiero, os leigos fundaram a comunidade em que Irmã Filomena fez sua primeira experiência de missão e começou a entender o verdadeiro sentido da sua vocação: “Dedicar sua vida para os menos favorecidos”. Em 1993, em sua cidade natal, fez o seu primeiro voto, depois retornou novamente à comunidade de Villaricca. Foi nesta realidade assolada pela miséria e abandono que entendeu que precisava fazer a diferença, praticar o evangelho no cotidiano, e era preciso ir muito além do conforto do Convento.

Ela chegou ao Brasil julho de 1997 e foi morar em São Paulo. Em outubro do mesmo ano, as Irmãs propuseram que ela viesse para Foz do Iguaçu para conhecer a realidade da cidade; vindo posteriormente a viver aqui, na Paróquia Espirito Santo e Nossa Senhora Aparecida, na fraternidade das Irmãs Estigmatinas, no Porto Meira. O pároco era Padre Aldo Dal Pozzo, a quem pediu ajuda para poder conhecer a realidade. Ele ofereceu a ela o trabalho de ajuda na coordenação da Pastoral da Criança junto com a Irmã Idalina. Durante esse tempo, ela conheceu Padre Arturo Paoli, na Vila Boa Esperança, onde ele e um grupo de voluntários realizavam um trabalho de acolhimento às famílias, e aos doentes, oferecendo remédios, alimentos e até construção de pequenas casas.
Durante esse tempo, ela conheceu Padre Arturo Paoli, na Vila Boa Esperança, onde ele e um grupo de voluntários realizavam um trabalho de acolhimento às famílias, e aos doentes, oferecendo remédios, alimentos e até construção de pequenas casas. A situação das famílias do Morenitas I e II era extremamente precária, faltava-lhes desde esgoto, água tratada, até alimentação e moradia digna. Este cenário era propício aos mais diversos tipos de violência e isso tocou profundamente o coração de Irmã Filomena, pois esta realidade era muito diferente da Itália (a pobreza de lá sequer lembrava a miséria daqui).

Nessa comunidade carente de tudo, ela contava com a ajuda de voluntários italianos, paraguaios, argentinos e jovens brasileiros, e foi um desses jovens que sugeriu que fizessem um trabalho voltado para música, esporte e lazer, para envolver essas crianças e afastá-las da violência.
Em junho de 2000, ela teve que retornar para a Itália em obediência à Congregação, mas teve dificuldade de se reinserir na realidade italiana, porque a experiência que fez aqui marcou profundamente a sua vida. Então, no início do ano seguinte, pediu a saída da Congregação das Irmãs Estigmatinas e, com ajuda de Padre Arturo e aprovação do Bispo dom Olivio Fazza, em fevereiro do mesmo ano entrou na Fraternidade Charles de Foucauld e começou o seu trabalho na AFA, a pedido de Pe. Arturo.


Em junho de 2006, na cidade de Lion – França, fez os votos definitivos na Fraternidade Charles de Foucauld e retornou ao Brasil para continuar o seu trabalho na AFA. Porém, nessa época, Pe. Arturo já vivia na Itália. Em junho de 2015, Irmã Filomena foi chamada pela família de Pe. Arturo porque ele, aos 102 anos, estava muito debilitado. Lá, ele a encarregou de continuar na AFA o seu legado de amor. Passou-se quase ¼ de século de dedicação aos projetos da AFA, sempre em parceria com o poder público. Algumas das ações foram: Casa da Criança; o Projeto UAI - Unidade de Acolhimento Infantojuvenil Anna Lapini; além da Família Acolhedora e Guarda Subsidiada, que juntos representam o grande passo da AFA, pois atingiram toda a cidade de Foz do Iguaçu.