Debate sobre leishmaniose na Câmara de Foz converge para necessidade de evitar subnotificações

por Diretoria de Comunicação última modificação 04/10/2021 08h23
Vereadora Protetora Carol irá trabalhar em projeto de lei sobre assunto

O Legislativo debateu na manhã desta sexta-feira, 1º de outubro, assuntos relacionados às notificações de leishmaniose visceral canina – LVC, no município de Foz do Iguaçu. O evento foi proposto pela vereadora Protetora Carol Dedonatti (PP), por meio do Requerimento nº 380/2021. O presidente da Câmara, vereador Ney Patrício (PSD), abriu a audiência.

“A norma técnica 03/2016 dispõe que os casos detectados deverão ser comunicados às autoridades competentes. É necessário criarmos um protocolo e até mesmo um projeto de lei para que seja compulsória notificação de casos existentes de leishmaniose visceral canina em Foz", enfatizou Carol. A parlamentar pediu que todos acompanhem a tramitação de projeto de lei na Câmara.

Reduzir a subnotificação dos casos de leishmaniose

Um dos aspectos mais falados durante a audiência foi de encontrar formas para mitigar a subnotificação dos casos de leishmaniose. “Criamos um projeto de combate à subnotificação. Facilitar notificação via aplicativo 156. É importante se notificar, termos dados completos para trabalhar”, recomendou Agatha Devasa, estudante de Biotecnologia da Unila e integrante do projeto BioPank, que visa combater a transmissão da leishmaniose por meio da biologia sintética.

Kelvinson Vianna, professor da Unila e Doutor em Imunopatologia, falou como expositor: “Um cão infectado pode demorar até oito meses para ser identificado com a doença. O tutor precisa ter responsabilidade, porque é uma doença séria, se pegar em uma criança pode matar. Muitas vezes a criança não aguenta o tratamento. Para prevenção de novos casos de leishmaniose visceral é necessário o encoleiramento em massa de cães, que precisa de uma política de estado, porque não adianta encoleirar os cães e não trocar a coleira no tempo certo; vacinação; educação em saúde da população e educação continuada. Em relação à população canina, é uma medida que deve ser trabalhada de maneira constante. Para se controlar leishmaniose visceral humana é preciso controlar a canina. É um desafio”.


Renata Defante, supervisora técnica da Divisão de Controle de Zoonoses da Secretaria Municipal da Saúde, pontuou: “Essa é uma doença considerada negligenciada. Com relação à notificação da leishmaniose, temos uma nota técnica. O tratamento até o ano de 2016 não era indicado para cães. O CCZ, desde 2020, só realiza eutanásia de animais após orientação do veterinário. Os dados oficiais não representam a realidade no município, especialmente devido à subnotificação. As ações voltadas ao diagnóstico e tratamento devem ser priorizadas, uma vez que são atividades educativas”.

Prática da eutanásia mudou em 2016

Um dos questionamentos do público girou em torno da aplicação da eutanásia. Mas, o Centro de Controle de Zoonoses esclareceu que não é mais uma prática comum. Amanda Ramirez, representando a Diretoria de Bem-Estar Animal, vinculada à Secretaria Municipal de Meio Ambiente, destacou que “a diretoria tem realizado programas de castração. A castração impede proliferação de doenças, ocorrências de maus-tratos, abandonos e vários outros problemas sociais”.
Luciana Chiyo médica veterinária do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Paraná, apontou: “O que sabemos é que a maioria dos animais que está na rua tem dono e seu dono deixa o animal livre e dessa forma ele está exposto às doenças, acidente de trânsito, pode provocar mordeduras em crianças e adultos. Todo problema dos animais domésticos passa muito por mudança de cultura. Controlar a leishmaniose visceral é um desafio muito grande, que exige trabalho contínuo, mas a população precisa fazer sua parte”.

Espaço para notificações

Rose Meri da Rosa, da Diretoria de Vigilância em Saúde, representante da Secretaria Municipal de Saúde, afirmou: “Estamos pensando em criar um espaço, um link de fácil acesso, na página da Prefeitura. Estamos amadurecendo como vamos construir esse espaço, acho que é dessa forma que vamos melhorando os serviços públicos”.


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