Debate traça caminhos para revitalizar a cena cultural e reativar o sonho de um teatro municipal em Foz

por Redação/CMFI última modificação 03/09/2025 13h49
Debate traça caminhos para revitalizar a cena cultural e reativar o sonho de um teatro municipal em Foz

Foto: Christian Rizzi - CMFI


Na manhã desta quarta-feira (03), a Câmara de Vereadores debateu a cultura em Foz e a viabilidade da construção de um teatro municipal. O debate foi proposto e conduzido pela vereadora Valentina Rocha (PT), por meio do Requerimento nº 340/2025. O evento foi aberto pelo 1° vice-presidente da Casa, o parlamentar Dr. Ranieri Marchioro (Republicanos).

Em sua fala, a parlamentar propositora destacou: “É uma satisfação enorme olhar para esse plenário e ver diversas pessoas que fazem parte do movimento cultural da cidade. A luta pela arte e a cultura em Foz do Iguaçu sempre foi muito difícil. Muitas pessoas trabalham sem remuneração, reconhecimento e valorização e continuam insistindo em fazer arte e cultura. Precisamos virar uma página na cultura de Foz, temos muitos artistas qualificados que não tem a remuneração e valorização apropriadas. Estamos falando em 30 anos de atraso, de promessas”, concluiu. 

A parlamentar Yasmin Hachem (PV), falou sobre a importância do Conselho Municipal de Políticas Culturais (CMPC): “Em uma reunião recente, tivemos vários alertas sobre a não participação do CMPC na tomada de decisões, com ele sendo ignorado em alguns pontos. A outra questão, sobre a falta de recurso, é a falta de um orçamento para a cultura vinculado, para que quando a receita do município crescer, a da cultura também cresça  junto”. 

O evento também contou com a presença do parlamentar Evandro Ferreira (PSD) e do diretor-presidente da Fundação Cultural, Dalmont Benites.

Gilberto Rios, Presidente da Fundação Brasileira de Teatro, comentou: “Quando falamos da construção do teatro, precisamos pensar para quem vamos construí-lo. Vai ser para os artistas da cidade ou para receber espetáculos de fora? É uma preocupação necessária, porque o teatro deve ser para o artista da cidade. Para ter uma formação de plateia e que a arte seja ocupada pelos artistas”.

Thatiane Ravedutti, atriz e produtora cultural, reforçou a luta pelo teatro municipal: “O teatro é para todos, ele tem que existir. Um teatro vai nos fortalecer como identidade, como economia e principalmente como educadores”. 

Juca Rodrigues, representante do Conselho Estadual da Cultura, disse: “O que precisamos é a construção de uma política de equipamento público de cultura. O teatro municipal é o ponto central desta política. Precisamos lutar por recursos públicos, vamos lutar juntos que estaremos mais forte”. 

Mirá Rocha, Presidente do Conselho Municipal de Políticas Públicas, comentou  sobre o Teatro Barracão: “Ele sempre foi um lugar extremamente vivo. Desde o primeiro dia que abriu suas portas, ele abre às 9 da manhã e fecha às 11 da noite. É um espaço vivo, bonito e que fomenta a arte. Na década de 80 foi feito um movimento para a abertura do teatro Barracão, desde então já houve várias tentativas de derrubá-lo. Precisamos olhar para o que temos e cuidar da sua manutenção”.

Políticas públicas e trabalhadores da música 

O primeiro expositor da audiência foi Spartaco Avelar, músico, compositor e pesquisador, comentou: “Eu cheguei da Bahia em 1993 e estou aqui em Foz desde então. Vim para passar 4 meses e fiquei todo esse tempo. O que me trouxe aqui foi a música, vim como artista”. Spartaco trouxe uma apresentação sobre as políticas públicas e a realidade do músico como trabalhador: “A maioria da população entende que a atuação musical é diversão e não trabalho. Porém a música é sim um trabalho digno e sério, que sustenta muitas famílias”, complementou. 

Investimento em cultura no município

Diego França Carvalho, secretário-geral do Conselho Municipal de Cultura e ator, trouxe uma exposição sobre os investimentos em cultura do município. “Não existe política cultural que não seja compartilhada com a sociedade civil. É preciso ter a responsabilidade do órgão gestor e também trazer visibilidade para o povo, aqueles que constroem a cultura no seu território, dentro das escolas, faculdades e setoriais”, pontuou.

Potencial de Foz como pólo de indústria da cultura 

O próximo expositor foi André Crevi, artista e produtor visual, abordou o potencial de Foz do Iguaçu como uma indústria cultural, “Temos tudo para sermos referência em arte, cultura e educação. Mas, o que precisamos fazer? Divisão estratégica, coragem e união entre o poder  público e o setor privado. Precisamos de teatro municipal, museus, centros culturais, espaços abertos, acessíveis e inclusivos. Precisamos criar mecanismos para que os jovens dos bairros vejam na cultura um caminho de oportunidades”. 

Teatro Municipal como equipamento público de cultura 

Conrado Sotomaior Justus de Souza Machado, advogado e professor de direito, comentou sobre a importância da cultura e a construção do teatro municipal de Foz do Iguaçu. “Estamos em um estado que todas as cidades do mesmo porte, e algumas até menores, tem um teatro municipal. É uma vergonha que uma cidade como Foz, uma das mais importantes turisticamente do País, ainda não tenha.  Foram investidos pelo Governo do Estado 200 milhões de reais no Museu Pompidou. Penso que vá agregar, mas também vai depender muito de como será gerido. Acredito que a localização do futuro teatro municipal de Foz deve ser bem estudada. No meu ponto de vista, é muito importante que seja um equipamento público e não uma parceria público-privada. 

Rodne de Oliveira Lima, vice-reitor da Unila, disse: “Nós, como comunidade universitária, nos perfilamos junto a todos que defendem a construção do Teatro Municipal. Compreendemos a relevância desse equipamento público para a cidade, o setor cultural, a formação de pessoas e acreditamos que a sua edificação no município de Foz será positivo em vários aspectos para o seu futuro”. 

Tribuna livre

Willian Luciano Rodrigues, produtor cultural, falou sobre as políticas de incentivo locais: “Foz precisa de uma política de financiamento cultural aos artistas, de uma política de mecenato, que é um conjunto de ações para incentivar o patrocínio privado de atividades culturais e sociais. Eu prefiro concorrer em editais nacionais”. 

Luciano Lima, comentou sobre a participação da Itaipu: “Quando falamos da construção de um teatro, precisamos cobrar uma participação efetiva da Itaipu Binacional, que tem destinado muito para outras cidades, quando ela deve muito mais para Foz do Iguaçu”. 

Giovani Dameto, do Coletivo Ambiental de Foz do Iguaçu, criticou a privatização da cultura na cidade: “O Parque Nacional e o Museu Pompidou foram instituídos por decreto, sem conversar com a população da cidade. Temos o único Marco das Três Fronteiras privado nesta tríplice fronteira. Até para termos um parque público, como o Bosque Guarani, é preciso ser privado. Vamos lutar por um parque público e aberto, porque ele também é cultura”. 

Vivien de Lima, produtora cultural, defendeu políticas públicas para a cultura: “Cultura é trabalho, envolve artistas, técnicos, gestores, figurinistas, sonoplastas, arte educadores e tantos outros profissionais, e temos muitos deles. Aqui em Foz do Iguaçu, onde a diversidade cultural acontece todos os dias, pouco é visto porque não temos espaço suficiente, pouco orçamento e nem estrutura adequada”. 

Vitor Aparecido de Souza, da Labyrinthos Produções Artísticas, falou sobre a posição do artista: “É necessário que o artista tenha um espaço para sua alma se mostrar. O teatro na nossa cidade é escasso. Ter um teatro não é apenas uma questão de gestão pública e econômica, mas sim para o engrandecimento de um povo”. 

Tamires de Souza , Cineasta, comentou: “Venho reforçar a urgência que os recursos das leis de incentivo à cultura, sobretudo os recursos municipais, como o fundo municipal de cultural, sejam aplicados dentro de um planejamento sólido, capaz de beneficiar toda a população e a pluralidade cultural deste território”. 

Patrícia Odara, empresária, destacou: “Acho que o teatro municipal traria muitas oportunidades, acredito que a cultura traz muita coisa para a sociedade. Penso que o teatro vai abrir portas”. 

Stenio Fornari, do projeto Rimando no Front, abordou: “Temos que falar sobre a democratização da política cultural de Foz. Nos espaços periféricos da cidade, podemos ver que temos equipamentos culturais muito escassos. É necessário uma estrutura para levar programas culturais e programas sociais que possam trabalhar e mudar a vida delas”.

Elza Mendes, representante do Cidade Nova Informa, falou: “Saúde mental se inicia na cultura, sem cultura nós não temos saúde mental. Precisamos respeitar a cultura. Apenas 0,02% dos metros quadrados dessa cidade é espaço cultural”.


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