Em audiência, Governo Municipal reafirma compromisso com redução de jornada da enfermagem

por Diretoria de Comunicação última modificação 20/12/2018 14h03
A vereadora Rosane Bonho (PP) foi proponente do debate que encampa a luta dos profissionais da categoria

A redução de jornada para os profissionais de enfermagem já é luta antiga no país. Alguns municípios já regulamentaram a jornada de 30h, mas a categoria ainda está na busca pela redução da carga de trabalho em Foz do Iguaçu. Em vista disso, a vereadora Rosane Bonho (PP) realizou uma audiência pública que discutiu o tema com a população, na última quarta-feira, 19 de dezembro, na Câmara.

O técnico em enfermagem, Claudir Viana Brito, explanou a respeito da luta da categoria.  “Tem um projeto em cenário nacional que só falta ir à votação, já passou por todos os trâmites. Sabemos que empresários da área de saúde que não deixam isso entrar em pauta, mas por outro lado tem outros municípios que já aprovaram as 30 horas para enfermagem. A Organização Mundial de Saúde (OMS) já recomendou as 30 horas para enfermagem”, disse.

Na opinião do servidor, o benefício maior será para o usuário. “Nas primeiras quatro horas você rende, nas outras você rende metade. Não estou pensando em mim, servidor, mas no paciente. Quantos erros já ouvimos falar? Se isso já foi feito em outras cidades, por que não pode ser feito em Foz? Ele vai refletir, sim, no atendimento”.

Claudir também pontuou que atualmente o déficit de profissional é grande, mas acredita que a prefeitura precisa buscar mecanismos para resolver. “O que precisa se achar é a forma de colocar isso. Essa carga horária que extrapola prejudica mais do que ajuda. Isso que estamos buscando não é benefício, é melhora nas condições de trabalho, do atendimento”, concluiu.

Compromisso do prefeito

A Secretária Municipal da Saúde, Kátia Yumi, abordou o tema, em nome do Poder Executivo e reafirmou o compromisso da Prefeitura na implementação da jornada de 30h. “Nós apoiamos a redução da jornada de trabalho, entendemos que a qualidade de trabalho se faz a partir de condições adequadas para isso. Então, nesse sentido, em relação à necessidade de adequação do município para isso, já estamos fazendo concurso e chamamento de técnicos”, observou.

A secretária também agradeceu aos profissionais. “Cumprimentamos nossos profissionais por estarem segurando a barra para que a gente pudesse chegar nesse momento de fazer concurso. Percebemos o quanto nossos profissionais estavam sobrecarregados e descrentes de melhores condições, o que já revelava um desânimo geral. Nos aproximamos do Coren e qualificamos servidores. Estamos em sintonia com essa proposta”, completou.

Luta antiga

A vereadora Rosane Bonho (PP), técnica em enfermagem, fez um pronunciamento sobre a importância da atividade. “Quem de nós não perdeu um paciente querido, não participou de uma reanimação de um parente, um amigo e a vida não pode ser mantida. Sabemos que um projeto para redução da carga horária precisa ser muito bem trabalhado em Foz do Iguaçu. Muitos de vocês seguraram a barra em momentos mais difíceis, em gestões passadas, com salários atrasados. Vamos levar o projeto ao Prefeito, que a Secretaria da Fazenda possa abordar a questão do impacto orçamentário”, declarou Rosane.

O representante do Hospital Municipal Padre Germano Lauck, Nailton Silva, disse que “hoje muitos têm uma segunda jornada até, penso que se deve lutar por isso. É um trabalho delicado, que precisa ser bem elaborado. Fica aqui meu apoio”.

O vereador Kako (Podemos), que também é enfermeiro por formação e atuou durante seis anos na enfermagem do Hospital Costa Cavalcanti, falou a respeito da rotina exaustiva dos profissionais. “É preciso consultar impacto orçamentário do município, mas é uma profissão muito cansativa, as pessoas atendem mais de oito pacientes por vezes. Se trabalha muito nesta área e é muito estressante”. O vereador Marcelinho Moura (Podemos) afirmou que “é muito salutar o pedido. Eu tive três pneumonias e o cuidado desses profissionais da saúde é extremamente grande”.

Zulmira Ferreira Daluz, profissional da área, destacou: “a gente luta por interesse coletivo e quando se trata disso as conquistas também precisam ser. Existem passos a serem ajustados, mas isso faz parte do processo”.

Posicionamento SISMUFI e Sindisaúde

O Presidente do Sismufi, Aldevir Hahnke, falou que enfermagem “é um trabalho muito delicado, em que se precisa estar tranquilo, com material de rotina, material humano. A nossa luta continua. Isso vem a garantir que o cidadão tenha melhor qualidade de vida. Vocês desempenham um papel muito importante no atendimento do cidadão”.

O Presidente do Sindisaúde, Paulo Sergio Ferreira, também se pronunciou: “O Coren devia estar aqui lutando por isso. Parece que seremos a primeira cidade do oeste do Paraná a ter essa redução de jornada. Por que não a redução de jornada? No congresso nacional hoje temos 49 médicos deputados que representam os hospitais, sete senadores médicos e uma enfermeira que representa os profissionais da saúde”.

Paulo Sergio lembrou que o projeto de lei 22 é do ano 2000. “Há mais de 17 anos ela tramita e no ano de 2018 tivemos 10 pedidos de colocação do projeto em pauta, mas a hora que foi colocada essa pauta em votação, o plenário esvaziou. Enquanto não tivermos uma lei que exija que se contrate por 30 horas um profissional de enfermagem não teremos sucesso. No site do CRM Paraná há informação que o baixo índice salarial também corrobora com esse cenário”, concluiu o sindicalista.


 

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